Manguezais, corais e terras indígenas: conhe?a litoral no centro da discuss?o sobre a explora??o de petróleo pela Petrobras no Rio Amazonas

Cantor sertanejo que sobreviveu a queda de avi?o e 24 dias na selva relembra experiência que marcou sua vida: 'Achei que ia morrer'

Tudo come?ou com uma paix?o daquelas sem medidas. Desde os 12 anos,?oediasnaselvarelembraexperiêresultado da quina do dia 10/09/17 o cantor sertanejo Matheus Soliman frequentava o aeroporto de Primavera do Leste, em Mato Grosso, para ficar perto dos avi?es que sobem e descem.

“Eu vinha toda tarde, ajudava a lavar os avi?es, descarregar malas", conta.

Aos poucos, ele foi aprendendo a pilotar. Mesmo sem o brevê, Matheus chegou a pilotar algumas vezes, sempre acompanhado. Até que, em 2020, aceitou um trabalho arriscado: levar um avi?o que estava parado havia dois anos até uma fazenda em Rond?nia.

“Eu fui porque a gente estava passando perrengue. Na época, eu tinha minha mulher grávida de oito meses, da minha filha”, lembra.

Assim, Matheus embarcou com um colega em uma aventura traumática que marcaria a vida dele para sempre.

1 de 5 Matheus em foto antiga dentro de um avi?o — Foto: Reprodu??o/TV Globo

Queda e desespero

O que Matheus n?o esperava era que o motor esquerdo da aeronave falharia em pleno voo.

“Tentei reacender, mas tivemos a pane, perdemos altitude e caímos”, relata.

O avi?o caiu no meio da floresta amaz?nica. A notícia chegou primeiro ao pai, caminhoneiro, por telefone:

“Disseram que o avi?o caiu e que ninguém sobreviveu. Foram os 24 dias mais longos da nossa vida”, lembra Erlon Francisco da Silva, emocionado.

Sobrevivência na selva

Matheus e o colega de voo sobreviveram à queda, mas enfrentaram 24 dias de fome, sede e medo na floresta.

“A gente seguiu o rio, porque pelo menos tinha água. Mas passamos por cobras, jacarés, ariranhas e até uma on?a, o susto foi grande”, conta.

Após cinco dias, uma árvore caída bloqueou o caminho. Eles decidiram entrar na mata e seguir o sol como bússola.

“Foram três dias sem água. Aí o desespero bateu. Achei que eu ia morrer”, diz.

No dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, veio o primeiro milagre: uma chuva intensa que durou cerca de horas.

"Eu sempre fui muito católico, né? E aí eu olhava para aquilo e falava: ‘A senhora vai deixar eu morrer bem no dia da senhora?’ E aí foi o primeiro milagre.”

O segundo milagre veio em forma de sonho.

“Sonhei que minha filha tinha nascido. Quando acordei, decidimos passar por cima de um tronco. Do outro lado, encontramos uma estrada.”

A filha, Lívia, nasceu no mesmo dia: 24 de outubro. Foram mais quatro dias de caminhada até encontrarem ajuda. Matheus foi internado por quase uma semana, com 30 quilos a menos e feridas por todo o corpo.

“A recupera??o mental foi ainda mais difícil. Eu n?o conseguia sair de casa, nem falar.”

2 de 5 Após queda de avi?o, Matheus sobreviveu 24 dias perdidos na floresta — Foto: Reprodu??o/TV Globo

Recome?o

Hoje, Matheus vive com a esposa e filhos e trabalha em uma empresa de ar-condicionado automotivo. Mas n?o abandonou seus sonhos. Ele forma uma dupla sertaneja com o irm?o, Junior, e se apresenta em bares da cidade.

“N?o me vejo sem música. Mas a avia??o também é uma paix?o. As duas est?o empatadas no meu cora??o”, diz.

3 de 5 Matheus tocando e cantando em bar — Foto: Reprodu??o/TV Globo

No bra?o, carrega uma tatuagem com o símbolo da For?a Aérea e uma bússola apontando para o oeste — dire??o que o salvou.

“Fiz dois anos antes do acidente. Quem vai explicar um negócio desse?"

4 de 5 Matheus mostra tatuagem com o símbolo da For?a Aérea e uma bússola apontando para o oeste — Foto: Reprodu??o/TV Globo

Matheus ainda sonha em voar novamente.

“Mas agora, sem ser na correria, sem impulsos. é amor pela avia??o.”

5 de 5 Matheus fala sobre sonho de voar novamente — Foto: Reprodu??o/TV Globo

Confira as últimas reportagens do Globo Repórter:

50 vídeos